sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Irei poemar

Como posso lhe deixar assim, sem me declarar e sem árduas e mentirosas promessas de sublime paixão? Mais uma vez me mando para o mar tendo que me entregar para a água salgada navegando só. Minha solidão combina com a cor pálida da concha mais gasta e com o voo da garça mais sedenta por liberdade. É que o seu sorriso combina com o tom da minha pele e o contorno dos seus lábios se encaixa na curva turva do meu pescoço. Então como posso lhe deixar assim, se partes de nossos corpos quentes estarão dramaticamente distantes ao ponto de que tudo para mim deverá se transformar em poesia? Irei poemar para me livrar do desassossego que não quero chamar por saudade, para me lembrar que da estrada eu sou e que cada minuto distante renderão dez de eternidade.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Uma dúvida, um medo


Medo do seu olhar que eu não sei se me trai, que me atrai de forma tão voraz e ao mesmo tempo me afasta. Me afasta de medo. Me afasta do medo. Falta pouco p'ro amor chegar?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cantarolar

Quando passo a noite em soluços é porque faltam versos para me inspirar. Falta cor, falta colo, falta um motivo para eu me pintar. E quando eu me pinto, fico tão feliz com a beleza da pintura que começo cantarolar. E a noite se completa com o meu canto.
Quando passo a noite em soluços, é porque faltam braços para me aconchegar. Falta toque, falta tato, falta um motivo para eu me perfumar. E quando eu me perfumo, fico tão feliz com a  doçura do meu perfume que começo cantarolar. E a noite se completa com o meu canto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pedido


Venha,
Mas venha depressa,
Que o meu coração trôpego
Não sabe esperar.
Se quer ir devagar,
Não me verá tão linda,
Jogada em seus braços
Permitindo-me amar.
Venha logo.

sábado, 22 de setembro de 2012

Confissão

Veja que estou lúcida
E que a lucidez me encanta.
Medo, pesar.
Veja que a minha intenção
Razão, cor e tato
É tingir teus lábios
Tocar teu peito
Ter teu tato.
Eu te gosto, e é feito paixão
Ávida e doce.
Não omito, porque quero.
Provei, e confesso
Não me foi árduo trair para te ter.
Agora, quero amar.
Amar-te.
Cuidar-te.
Cobrir-te de amor livre.

Aceitando

Saudade nasce e crava.
Dói.
Dor pouco amena.
Fui procurar a mesma esquina,
Estacionar na mesma rua,
Dormir na mesma porta.
Encontrei-me no mesmo passado,
Isolada.
Sozinha na casa, na sala, na cama.
A voz agora é cética,
O riso, sedutor.
Mas a dor,
Que rasgava e oprimia,
Rasga e oprime.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Como ontem


Ela, tão ingênua, com tristes histórias passadas que nem sequer podem ser contadas, pequena que se diz poeta, com vontade de correr, ser livre, queimando asfaltos e deixando saudade, disse que fica se você pedir, e promete sussurrar versos nos seus ouvidos durante as tardes ensolaradas e lhe dar calor nas noites frias, com as doses de amor necessárias para selar os momentos, que, sem tardar, serão desfeitos sem juras e sem promessas.

domingo, 29 de julho de 2012

Explicando


A saudade nunca é a mesma. Ela muda conforme a brisa da paixão, ora esperando por um novo afago de amor, ora querendo o momento que já passou.

E veja bem, meu bem. Quando digo que sinto saudade eu anulo o tempo, simplesmente para não me desesperar no pequeno espaço que soa como eternidade.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Amor não se escolhe


Naquela noite o sino já havia tocado. As pernas ainda estavam descobertas e se podia sentir o chão gelado quando os pés escorregavam. O ar era sereno e a música era a de sempre. Nada de raça ou credo, apenas a cumplicidade pairava sobre o entrelace das mãos. Jovens, despreocupados e ímpares, disfarçando suspiros. Porém, inteiramente pares. Tudo o que não poderiam ser.

(Re)começando


Tá, você me convenceu.
É que me fez lembrar dos versos. Tão inversos e controversos que nem deveriam existir.
E me fez lembrar também do prazer carregado de amor e necessidade que cada frase contém. Eu sei, soa estranho sair por aí confessando que escrever nos é uma simples necessidade. Ou então, num encontro, contar que você “gosta de escrever”. A pessoa te olha estranho, dá um sorriso amarelo, faz um comentário qualquer pensando nas cartas que vai receber se continuar te dando trela e solta a pergunta: “mas o que você escreve ? 

E é difícil achar uma resposta. Principalmente uma que não lhe faça parecer idiota.

E hoje as pessoas têm medo de receber cartas.
Talvez elas sejam muito íntimas e invasoras. Ou aparentem ser ingênuas e românticas demais. Afinal, são entregues em papel e escritas à mão, não em Arial tamanho 12. 
Enfim...

O lero todo é pra dizer que o Palavras Empatadas voltou.