Como posso lhe deixar assim, sem me declarar e sem árduas e mentirosas promessas de sublime paixão? Mais uma vez me mando para o mar tendo que me entregar para a água salgada navegando só. Minha solidão combina com a cor pálida da concha mais gasta e com o voo da garça mais sedenta por liberdade. É que o seu sorriso combina com o tom da minha pele e o contorno dos seus lábios se encaixa na curva turva do meu pescoço. Então como posso lhe deixar assim, se partes de nossos corpos quentes estarão dramaticamente distantes ao ponto de que tudo para mim deverá se transformar em poesia? Irei poemar para me livrar do desassossego que não quero chamar por saudade, para me lembrar que da estrada eu sou e que cada minuto distante renderão dez de eternidade.
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